Microcontos – Quaderni Ibero Americani

Concurso Internacional “Conto Minguante”



Se, de acordo com Samuel Beckett, “as palavras são tudo o que temos”, a antiga revista italiana Quaderni Ibero Americani, dedicada aos estudos da Ibero-América, convida a todos os jovens entre e 10 e 33 anos a compartilhar suas inquietudes literárias num concurso internacional que pretende fazer autor e leitor refletirem sobre a importância da cultura e da viagem. Nesse concurso, são dois os objetivos principais: em primeiro lugar, potencializar e repensar a importância da língua de Camões em suas componentes globais e internacionais, e, em segundo lugar, fomentar a criatividade dos futuros leitores.


Todo microconto é um desafio intelectual e criativo: um olhar aberto, com escrita direta, partindo de reflexão profunda. A intenção é chamar a atenção do leitor e deixá-lo refletir, a partir de uma introspecção própria, pessoal e impactante. Buscamos narrativas que usem uma linguagem viva, que desenhem com palavras e fujam dos lugares-comuns. Originalidade e criatividade serão os aspectos mais valorizados na escolha e classificação dos textos.


Numa era em que a comunicação é imediata, parar para pensar cuidadosamente em uma ideia e expressá-la de maneira breve, elegante e emocionante por meio de uma narrativa curta é um exercício que pode resultar na emergência de novos artistas. Pensando nisso, esperamos sua a participação no I Concurso Internacional de Microcontos e no blog do concurso: http://microcontosqiapor.blogspot.com/

sexta-feira, 27 de abril de 2012

À RODA DO QUARTO







O gênero “literatura de viagem” existe desde a Antiguidade. Pensando assim, talvez a Odisséia seja seu primeiro grande livro. Depois vieram as Viagens de Marco Polo, Os Lusíadas, as cartas de Caminha, de Vespúcio. A grande viagem simbólica de Dante do Inferno ao Paraíso: “che solo amore e luce ha per confine”... Próspero na ilha perdida de Caliban, levado pela Tempestade, de Shakespeare. Robinson Crusoe, sua ilha e Sexta-Feira. Hans Staden estupefacto, escapando de ser comido pelos tupinambá e voltando à Europa para escrever o Duas viagens ao Brasil:



E depois Fielding, Defoe, o Kipling do Livro das selvas...

É. Mas não é só em terras desconhecidas que viajamos. Ou melhor: às vezes o desconhecido está por trás de nossa porta... Isso foi o que descobriu o francês Xavier de Maistre, que muito influenciou o nosso Machado de Assis:

“Eu poderia começar o elogio de minha viagem por dizer que ela nada me custou; este artigo merece atenção. Ei-lo primeiramente celebrado, festejado pelas pessoas de medíocres posses; há uma outra classe de homens perante a qual ela tem possibilidade de êxito ainda maior, pela mesma razão de nada custar. - Perante quem, pois? O quê! Ainda o perguntais? Perante as pessoas ricas. Aliás, quão proveitosa não será esta maneira de viajar para os doentes! [...] Milhares de pessoas que antes de mim nunca tinham ousado, outras que não tinham podido, outras finalmente que não tinham sonhado viajar, vão agora decidir-se com meu exemplo. [...] -  Coragem, pois; partamos. - Sigam-me todos a quem uma mortificação do amor, uma negligência da amizade, retém no seu quarto, longe da pequenez e da perfídia dos homens. Que todos os infelizes, doentes e entediados do universo me sigam! - Que todos os preguiçosos se levantem em massa!”

De Maistre publicou Viagem à roda do meu quarto em 1794.

E você? Viaja como?

O Concurso Internacional Microcontos - Quaderni Ibero-Americani lança aqui o desafio “Viajar é...”

Publique sua definição de “viajar” na caixa de comentários do blog do Concurso!

Depois disso, reflita, elabore: ENVIE SEU CONTO PARA CONCORRER AOS PRÊMIOS!

“QUE TODOS SE LEVANTEM EM MASSA!” - é o que diz De Maistre...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Longe e dentro de si


Para longe, para dentro de si. Orides Fontela e as viagens: de dentro se vê o mundo. 








VIAGEM


Viajar
mas não
para


viajar
mas sem
onde


sem rota   sem ciclo   sem círculo
sem finalidade possível.


Viajar
e nem sequer sonhar-se
esta viagem.






ERRÂNCIA


Só porque
erro
encontro
o que não se
procura


só porque
erro
invento
o labirinto


a busca
a coisa
a causa da
procura


só porque
erro
acerto: me
construo.


Margem de
erro: margem
de liberdade.




(Orides Fontela. Rosácea. 1986)